De certa forma, o trabalho de um avaliador é fácil. Nós arriscamos muito pouco. Gozamos de uma posição vantajosa e superior sobre aqueles que submetem o seu trabalho, e a si próprios, ao nosso julgamento. Muitas vezes vibramos com as críticas negativas, que são fáceis de escrever e de ler. Há, contudo, uma verdade (às vezes amarga) que nós, avaliadores, temos que encarar: é o facto de que, no grande esquema das coisas, até a mais medíocre prestação tem provavelmente mais significado do que todas as nossa críticas e avaliações.
Só há um momento em que um avaliador verdadeiramente arrisca algo, e isso ocorre na descoberta e na defesa de algo novo. O mundo é frequentemente injusto com os novos talentos, com as novas criações e com os novos amigos.
Um destes dias, experienciei algo novo: uma aula extraordinária preparada por uma fonte singularmente inesperada. Dizer que tanto a aula como quem a preparou desafiaram meus preconceitos sobre o que deve ser uma boa aula é uma grosseira simplificação. Ambos me abalaram até à medula.
No passado, critiquei, como sabem, a ideia de que qualquer um pode dar aulas, mas só agora verdadeiramente percebo o que ela pode querer dizer. Nem todos podem tornar-se grandes professores, mas um grande professor pode surgir em qualquer lugar e a qualquer momento.
Fica também, para apreciarem, o excerto do filme, com a magnífica narração de Peter O’Toole.