"Ninguém é tão ignorante que não tenha algo a ensinar. Ninguém é tão sábio que não tenha algo a aprender." Pascal

29
Mar 13
Tenho, como sabem, passado por muitas escolas nos últimos tempos. O tema mais discutido, na maioria dessas visitas, é a avaliação. Avaliação dos alunos. Avaliação dos professores. Avaliação das Escolas. Ora, sobre a avaliação dos professores, pelos seus pares, me lembrei hoje ao ver, com o meu filhote mais novo, uma das cenas finais do filme Ratatouille, no discurso do crítico de culinária, Anton Ego. E, porque me pedem por vezes materiais, aqui fica o dito discurso, adaptado ao contexto da avaliação de professores. Para refletir.

De certa forma, o trabalho de um avaliador é fácil. Nós arriscamos muito pouco. Gozamos de uma posição vantajosa e superior sobre aqueles que submetem o seu trabalho, e a si próprios, ao nosso julgamento. Muitas vezes vibramos com as críticas negativas, que são fáceis de escrever e de ler. Há, contudo, uma verdade (às vezes amarga) que nós, avaliadores, temos que encarar: é o facto de que, no grande esquema das coisas, até a mais medíocre prestação tem provavelmente mais significado do que todas as nossa críticas e avaliações.

Só há um momento em que um avaliador verdadeiramente arrisca algo, e isso ocorre na descoberta e na defesa de algo novo. O mundo é frequentemente injusto com os novos talentos, com as novas criações e com os novos amigos.

Um destes dias, experienciei algo novo: uma aula extraordinária preparada por uma fonte singularmente inesperada. Dizer que tanto a aula como quem a preparou desafiaram meus preconceitos sobre o que deve ser uma boa aula é uma grosseira simplificação. Ambos me abalaram até à medula.

No passado, critiquei, como sabem, a ideia de que qualquer um pode dar aulas, mas só agora verdadeiramente percebo o que ela pode querer dizer. Nem todos podem tornar-se grandes professores, mas um grande professor pode surgir em qualquer lugar e a qualquer momento.


Fica também, para apreciarem, o excerto do filme, com a magnífica narração de Peter O’Toole.
publicado por Ricardo Antunes às 20:47

06
Nov 11

Hoje fui ao Porto a um Encontro interessantíssimo sobre Leitura.

 

Organizado na Escola Superior Paula Frassinetti, pela mão da amiga Cristina Vieira, permitiu uma magnífica troca de projetos e reflexões sobre a promoção de estratégias de animação e promoção de leitura.

 

A conferência de abertura ficou a cargo da sempre interessante Doutora Fernanda Leopoldina Viana, que veio relembrar o óbvio: para ler ser um prazer, é preciso saber ler. Esta senhora tem uma produção absolutamente extraordinária e que vale a pena espreitar. Pelo meio ainda pudemos ver vários projetos de promoção de leitura, rever a Emilia Miranda e os seus voos do Netescrit@ ou conhecer os Nuestros Hermanos los Indios Pieles Rojas e as suas propostas de animação de leitura. O encerramento ficou na mão e magia da Kalandraka, na voz o próprio Xose Ballesteros, editor e autor.

 

Pela minha parte, participei, com o António Marcelino, com uma apresentação sobre Leitura a Par e envolvimento parental.

Grande dia de investigação e reencontro de amigos.

 

publicado por Ricardo Antunes às 00:18

08
Jan 11

Depois de 20 anos, a americana Diane Ravitch, criadora do método da meritocracia, testes padronizados, metas, responsabilização do professor pelo desempenho do aluno, diz-se arrependida e que o método NÃO FUNCIONOU...

 

Leiam a entrevista toda e pensem um pouco.. Ring a Bell???

 

Foi esta senhora que começou a idealizar as Metas...

Mas agora, diz que...

"Para ter uma boa educação, precisamos saber o que é uma boa educação. E é muito mais que saber fazer uma prova. Precisamos nos preocupar com as necessidades dos estudantes, para que eles aproveitem a educação."

Evidente, não? E de repente lembro-me do José Pacheco... O vídeo é todo delicioso, mas  vejam com atenção o que ele diz sobre as Provas de Avaliação (a partir do 1:38)


publicado por Ricardo Antunes às 11:16

17
Dez 10

De acordo com um estudo em Israel, Children who read the e-book exhibited significant progress in word meaning and word reading compared to the control group.

 

É a revolução debaixo do nosso nariz!!!

 

Tudo a comprar iPads para os meninos!

publicado por Ricardo Antunes às 16:30

21
Jul 10

Roubei, descaradamente, no Dúvida Metódica.

(como é para redistribuir, não me levarão a mal...)

 

Custa assim tanto pensar estas coisas a sério? Só um bocadinho?

Inteligência, a palavra proibida

Há uma palavra proibida quando se fala de educação: inteligência. Os professores nunca recorrem, pelo menos em voz alta, a explicações deste género: “O aluno X teve notas muito baixas porque é pouco inteligente”. Os especialistas em educação e os políticos que nela mandam, ao explicar o sucesso e o insucesso escolares referem as causas mais díspares (as estratégias utilizadas pelos professores, a gestão das escolas, o tamanho das escolas e das turmas, o ambiente familiar, etc.), mas nunca a inteligência dos alunos. E muito menos a falta dela!

É estranho que assim seja, pois a existência e a influência da inteligência no comportamento e na aprendizagem parecem indesmentíveis. Tal como o facto de esta ser uma questão de grau e de haver pessoas mais inteligentes que outras.

Se bem me lembro de algumas leituras de Psicologia, os psicólogos não descobriram que a inteligência não existe, mas sim que é difícil de medir com rigor e que não é provavelmente uma capacidade única, sendo composta por várias aptidões diferentes (podendo uma pessoa inteligente na matemática, por exemplo, não o ser noutras áreas). Essas descobertas deviam, quanto muito, levar-nos a não confundir o célebre QI (os resultados obtidos nos testes) com a inteligência efectiva da pessoa e, talvez, a falar de ‘inteligências’, no plural, mas não a banir a palavra e o conceito.

Sendo assim, porque é que a palavra ‘inteligência’ nunca aparece nos discursos sobre a educação?

 

Alguém lembrou, a propósito, Steven Pinker e a sua obra  The Blank Slate (Tábua Rasa).

 

Vejam aqui o próprio a explicar a teoria.


publicado por Ricardo Antunes às 10:05

15
Jul 10

"Não penso que seja necessária uma catástrofe natural, mas penso que é necessária uma mudança radical"

Aqui está a prova de que vale a pena acreditar na mudança.
Assistam a 10 minutos de querer e vontade de fazer melhor!
E depois pensem um pouco se a escolha livre, de que se fala no final, não vos parece ter vantagens que devem, no mínimo, ser discutidas.

publicado por Ricardo Antunes às 22:58

10
Jul 10

Texto muito bom a ser lido e relido. Aqui.

 

 

O fracasso do ensino começa quando o professor não acredita que seus alunos possam aprender.

 

Aqui, deixo apenas as dicas, mas a reflexão não pode ser deixada de lado.

As aulas dos campeões

Algumas técnicas dos melhores professores observadas pelo educador Doug Lemov

 

É certo só se estiver 100% certo
• Continuar perguntando a mesma coisa para o aluno até que ele dê uma resposta 100% certa. O que acaba acontecendo na maioria das classes é algo parecido com o descrito neste diálogo:
– Como era a convivência entre as famílias de Romeu e Julieta? – pergunta a professora.
– Eles não se gostavam – responde um aluno.
– Certo. Eles não se gostavam e disputavam terras havia anos, acrescenta a professora, que ainda dá parabéns ao aluno pela resposta que ele não deu.
Ao não apontar para o aluno que a resposta dele poderia ser mais completa, a professora passa a mensagem de que ele pode estar certo até quando não está – e, obviamente, isso não vai funcionar em uma prova ou no vestibular. A dica é ter paciência e insistir na pergunta, até chegar ao 100% certo. Um excelente professor sairia assim dessa situação: “Foi um bom começo, mas dizer apenas que eles não se gostavam realmente revela qual era a relação entre as famílias?”. Dessa forma, ele deixa claro que não aceita nada menos do que uma resposta completamente correta, sem deixar de demonstrar confiança na capacidade de seus alunos.

 


Olho no professor
• Os alunos não podem anotar nada enquanto o professor explica a matéria. Todos os olhos devem estar voltados para ele. Isso é mais eficiente para controlar quem está prestando atenção do que repetir 1 milhão de vezes “prestem atenção agora, isso é importante”. Pelo simples fato de que o professor enxerga os olhos dos alunos. Ou se as canetas estão descansando sobre a carteira. Um dos maiores problemas enfrentados no dia a dia por professores é que nem todos os alunos seguem suas orientações. Podem ser orientações de como executar um exercício. Os que ficam para trás estão deixando de aprender e ainda podem tumultuar a aula. Para os bons professores, só há uma porcentagem aceitável de alunos que obedece ao que foi pedido: 100%. Menos que isso, o desempenho da classe toda estará comprometido.

 

O lado positivo da bronca
• Usar frases positivas na hora de chamar a atenção do aluno. Faz uma tremenda diferença dizer “por favor, eu preciso que você olhe para a frente”, em vez de “não olhe para trás”. Pessoas se motivam muito mais por fatores positivos do que negativos. No geral, elas agem para buscar o sucesso, e não para evitar fracassos. A técnica do enquadramento positivo pode ser aplicada durante a aula ou em uma conversa reservada com o aluno. Se outros estudantes assistem ao diálogo entre o professor e o aluno que está sendo repreendido, o ideal é sempre assumir, a princípio, que o mau comportamento não é intencional. É mais produtivo dizer algo como “classe, só um minuto, parece que alguns se esqueceram de empurrar suas cadeiras”, do que “classe, só um minuto, alguns decidiram não empurrar suas cadeiras como eu pedi”. Isso ajuda o professor a ganhar a confiança do aluno, o que é fundamental para o aprendizado.

 


Circulação pela sala
• Enquanto explica a matéria ou como resolver um exercício, o professor circula pela sala. Ao quebrar a barreira imaginária que existe entre ele e os alunos, demonstra proximidade. Durante a caminhada, aproveita para fazer perguntas individuais, corrigir ou elogiar um caderno. Circular pela sala é ainda uma boa oportunidade para descobrir o que acontece quando o professor está virado de costas para a turma, ao flagrar um álbum de figurinhas aberto ou um celular ligado.

 


Para fisgar o aluno
• Apresentar um novo tópico da matéria de um jeito diferente. Esse é o primeiro passo para aprender aquela lição. Para fisgar os alunos, a técnica é usar iscas como uma história, trechos de um filme ou um pequeno desafio. Por exemplo: antes de ensinar o conceito de frase completa, uma professora pede aos alunos que formem uma frase com cinco palavras dadas por ela. Depois de poucos minutos, eles percebem que é impossível executar a tarefa – porque não havia entre as palavras o sujeito da frase. A surpresa do problema sem solução manteve os alunos atentos o resto da aula.

 

Não vale não tentar
• Não aceitar “não sei” como resposta e conduzir o aluno à resposta certa – ou à melhor possível – é uma das técnicas mais simples para motivar o aluno a aprender. Uma professora pergunta a um aluno qual o sujeito da frase “minha mãe não estava contente”, ele diz que não sabe. Então, ela se volta para a turma e pergunta qual a definição de sujeito. Depois de ouvir que o sujeito é quem pratica a ação, ela volta para o primeiro aluno e repete a pergunta inicial. Ele então consegue responder: a mãe. A cultura do “não sei” é nociva principalmente porque passa a impressão de que alguns alunos não são capazes de aprender. Manter a expectativa alta em relação ao aluno é fundamental para seu sucesso.

 


A hora certa de elogiar
• O elogio só deve vir quando o aluno fizer mais do que lhe foi pedido. Os professores excelentes fazem uma distinção precisa entre o que o aluno aprendeu dentro das expectativas e quanto ele as superou. Se um aluno cumpre uma tarefa corriqueira, como manter sua carteira limpa, o professor pode dizer “obrigado por fazer o que eu pedi”, em vez de “excelente trabalho!”. A banalização do elogio tem um efeito destrutivo no longo prazo. O elogio por atitudes banais acaba minando a confiança do aluno de que ele possa fazer algo extraordinário.

 

O jeito certo de fazer perguntas

• Em vez de fazer uma pergunta para toda a classe responder ou chamar apenas os alunos que levantaram a mão, escolher quem vai dar a resposta, chamando o aluno pelo nome ou apenas apontando para ele. Essa técnica não só permite que o professor cheque o que cada aluno aprendeu, como também é uma forma de mantê-los atentos – afinal, a qualquer momento, alguém pode ser chamado para responder a alguma coisa. Se esse tipo de atividade acontecer todos os dias, os alunos passarão a esperar por isso e, no médio prazo, mudarão seu comportamento. Muitos professores acham que chamar um aluno para responder a uma pergunta é “expô-lo” ao resto da turma. Mas, se a técnica for feita da maneira correta, é o jeito mais eficiente de ouvir aqueles alunos que gostariam de responder, mas hesitam em levantar a mão.
Não deixe de ler o texto completo aqui.
publicado por Ricardo Antunes às 23:43

16
Jun 10

Apresento-vos, a propósito de bons exemplos de práticas, o Blog Pequenos Patifes, da Educadora Cristina Lares.

 

Vejam lá este trabalho... e digam se não é fantástico.

 

publicado por Ricardo Antunes às 11:10

11
Jun 10

Vamos lá ver se consigo dar aqui um salto hoje à noite.

Promete ser um momento rico de partilha e prazer.

 

A Biblioteca da E.B. 1 Viseu nº 1 - Ribeira tem procurado desenvolver um conjunto de actividades que estimulam o gosto pela leitura e as literacias, no sentido de formar futuros cidadãos críticos, em colaboração com o trabalho desenvolvido pelos docentes.
Nesta sequência, o Projecto «Biblioteca fora d’Horas» terá lugar na sexta-feira, dia 11 de Junho, pelas 20:30, no espaço exterior da Escola e vem coroar os esforços desenvolvidos ao longo do ano, porque nasce de vivências multifacetadas de leitura, que se oferecem à Comunidade Educativa, com especial atenção dispensada aos encarregados de educação, que poderão desfrutar de uma vintena de espectáculos encenados pelos alunos, em torno de experiências diversas de leitura. Enquanto isto, o espaço central do palco será rodeado de um número considerável de outras actividades, de acordo com a oferta de cada stand, num total de sete eventos, a saber, a feira do livro usado, os jogos educativos manipuláveis, a banca dos jornais, a confecção de marcadores de leituras, a oficina de pintura, o roteiro turístico e finalmente, no sétimo stand, a zona multimédia.
Outro centro de atracção deste serão de leitura tão singular será desenvolvido dentro de uma tenda medieval, na qual se pode tomar um chá enquanto se degusta um conto narrado por personagens que desejam transportar a audiência para tempos remotos de outrora e trazê-la de regresso aos contos da actualidade, enquanto o ambiente se deixa embalar por melodias propícias a cada atmosfera. Recuando ainda mais no tempo, os visitantes poderão apreciar dois dinossauros de grande porte que estarão expostos no recinto, sendo dado algum esclarecimento por uma arqueóloga convidada para o efeito.
Esta actividade conta com o apoio da Câmara Municipal de Viseu, a Expovis, o Diário Regional de Viseu, o Jornal do Centro, a Região de Turismo do Centro de Portugal, a Naturtejo, Continente de Viseu e o Olho Turista, Lda.

 

Ver aqui.

publicado por Ricardo Antunes às 15:15

07
Jun 10

Artigo interessante, no Público, e que começa a levantar as questões certas.

Continuo sem saber se na reformulação do parque escolar do 1.ºCEB, muito mais profunda, se têm em conta estas questões...

 

Uma escola descentrada da sala de aula, em que os alunos se espalham por espaços informais, com os seus computadores portáteis, cruzando-se com os professores na biblioteca e discutindo projectos...

 

Continuar a ler aqui.

 

Já que alguém se deu o trabalho de criar informação tão relevante como esta, sobre os aspectos técnicos a considerar na construção destas escolas novas, será que não podemos discutir outros aspectos?

 

imagem daqui

publicado por Ricardo Antunes às 15:34

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