Deixo uma referência de leitura, numa altura em que a Europa parece não perceber muito bem para que lado se virar.
Para mim, que estudei Clássicas, é penoso ver o estado a que chegou a rainha das cidades-estado. Mas mais penoso é ver que a Europa não dá sinais de perceber algo que me parece simples: sem as referências básicas que deram origem àquilo a que chamamos civilização europeia (para não dizer Ocidental), todo o edifício da Europa ruirá.
O livro que deixo em recomendação é o Danúbio, de Claudio Magris. Uma leitura difícil, pela quantidade de referências histórico-culturais, mas a prova de que filosofia e literatura não são, de todo, incompatíveis.
Resenha daqui.
Danúbio, de Claudio Magris, é um dos grandes romances europeus do nosso tempo - um romance classificado na categoria de literatura de viagens, cujo tema principal serve de pretexto para explorar e dissertar sobre a cultura centro-europeia, ou seja, da Mitteleuropa.
Danúbio obteve o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes em 2004. No entanto, o romance foi escrito durante o período do alargamento da União Europeia, no início dos anos oitenta do século XX.
Magris serve-se do Grande Rio que a travessa a Europa Central como se fosse o fio de Ariadne, isto é uma linha de orientação para atravessar o conjunto de culturas e etnias que se entrecruzam, sobrepõem mas raras vezes se misturam ou diluem umas nas outras insistindo, pelo contrário, no esforço de preservar uma identidade cultural face à força do federalismo e da standartização cultural e económica. Essa viagem através do Danúbio (atravessando a Alemanha, a Áustria, a Hungria, a antiga Jugoslávia, a Roménia e a Turquia), o grande rio europeu, é a viagem pela história e pelo imaginário do nosso continente. Uma obra-prima.
Claudio Magris
Editora: Quetzal