No dia 22 de Abril fui, com os Formadores Residentes PNEP do Núcleo Regional de Viseu, visitar a Escola da Ponte, em Vila das Aves.
Não se trata de uma visita de estudo normal. Nem fomos bem visitar uma escola. Fomos antes visitar um Projecto.
Pela minha parte, o namoro começou há alguns anos, quando comecei a ler referências várias a este Projecto.
De tal forma me (nos, para ser mais preciso, uma vez que o Rui Prata, meu colega na altura, também me acompanhou nesse entusiasmo) entusiasmei pelo que fui lendo, que a Carina, aluna de um Curso de Formação de professores, decidiu fazer um trabalho sobre esta escola. Este trabalho, orientado pelo Rui, acabou por nos trazer mais informação e aguçar ainda mais o apetite.
Depois encontrei-me com o mentor do projecto, via Youtube.
É tal a diferença entre aquilo que nos é dito sobre esta escola e os modelos que conhecemos, que não podia deixar de ter esta curiosidade e vontade de visitar. Nas funções que desempenho, neste momento, essa curiosidade acresce, na medida em que tenho a obrigação de apresentar as condições que corporizem muitas das propostas que vou apresentando e defendendo.
E uma vez mais a Escola da Ponte aparece como referencial ímpar.
É uma escola muito engraçada, não tem salas de aula, não tem turmas divididas por faixa etária, não tem testes, não tem nada. Nada da escola tradicional que conhecemos. É uma escola feita com muito esmero em Vila das Aves, Portugal.
Na Escola da Ponte, as crianças decidem o que e com quem estudar. Em vez de classes, grupos de estudo. Independente da idade, o que as une é a vontade de estar juntas e de juntas aprender. Novos grupos surgem a cada projeto ou tema de estudo.
Quem ouve falar dela pela primeira vez hesita em acreditar. Surpresa maior só mesmo de quem a conheceu nos anos 70. A Escola da Ponte era uma escola muito engraçada, não tinha bancos, não tinha mesas, não tinha nada.
A visita correu muito bem.
Chegámos e fomos guiados pelos alunos, como sempre acontece. Depois reflectimos com a Coordenadora.
Creio poder falar por todos quando digo que é um choque entrar neste mundo, tal é a diferença entre o que conhecemos e imaginamos e aquilo que encontramos lá.
Aquilo que desde sempre me deixou mais curioso é a forma de trabalho dentro do projecto: salas que não são salas, professores que são bem mais que professores, muito trabalho de cooperação e, acima de tudo, AUTONOMIA do aluno.
É ele que escolhe o que quer aprender, quando quer e como quer.
E é ele que escolhe quando quer ser avaliado, sobre o que será a avaliação e como quer ser avaliado.
Imaginam?
A conclusão óbvia é a de que não chegou estar lá umas horas.
Mas acredito que é possível :)
As fotos são da Helena Silva