Just watch it!
Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma.
José Saramago, Revista Expresso, (entrevista), 11 de Outubro de 2008
Trago-vos hoje um texto sobre uma temática muito interessante: o que faz, a escola, com o PENSAR?
Sou adepto de que a Escola deveria ter disciplinas específicas para ensinar a PENSAR, mesmo com o risco de elas se tornarem "académicas". Que seja pela Filosofia e pela Literatura! Mas o que a Escola nunca deveria permitir é a anulação dessa magna faculdade humana. Sem tal exercício, a pergunta básica tem de ser feita: para que serve a Escola?
Deixo-vos alguns excertos.
Saber pensar é uma potencialidade humana e possui relação com a capacidade de aprendizagem. “É a teoria mais prática que existe, ou a prática mais teórica que existe” (DEMO, 2004). Saber pensar é não ter pressa para enquadrar a realidade, memorizar a fórmula, construir a resenha ou o quadro conceitual. É um jogo ousado que exige deslocamento de quem pensa: ir ao encontro do outro e trazer o outro (pessoa, fenômeno…) para si. Jogo que pode ser percebido em sua dimensão de externar e ressignificar as angústias e outros sentimentos, como também pode ser percebido como o jogo por disputa de significados, opiniões e pontos de vistas diferentes.
A ampliação/modificação do espaço-atividade sala de aula, pode ser percebida de duas formas: uma metafórica, no sentido de uma mudança substancial das atividades que acontecem dentro dela; outra, no sentido espacial concreto. Se notarmos, existem escolas novas do ponto de vista arquitetônico, mas que já nascem velhas do ponto de vista pedagógico.
Rubem Alves, em uma crônica do seu livro “Um céu numa flor silvestre”, apresenta uma imagem que tomarei emprestada para iniciar a reflexão sobre o lugar predominante do pensamento criador no espaço-atividade sala de aula. Para ele, as idéias são como milhos, que sob o calor do fogo, se transformam em pipocas. Uma idéia seria como uma pipoca que estoura. Esta transformação é um potencial do milho, mas só acontece quando ele passa pelo poder do fogo. Existem, ainda segundo o autor, os milhos que, apesar de passar por processos semelhantes, não se transformam em pipocas e são conhecidos como piruás.
Transportando a crônica para o campo da nossa reflexão, podemos nos perguntar: por que alguns milhos não se transformam em pipocas? Sua posição na panela pode influenciar no resultado? E a quantidade de milhos e óleo dentro da panela? A intensidade do fogo?
O que os alunos e alunas fazem com a coleção de textos copiados depois das aulas? Quando voltam aos mesmos? O que pensam com eles? Pode-se reivindicar a possibilidade de pensar com os textos, antes e a partir deles.
“Eu digo que ler não é só caminhar sobre as palavras, e também não é voar sobre as palavras. Ler é reescrever o que estamos lendo. É descobrir a conexão entre o texto e o contexto do texto, e também como vincular o texto/contexto com o meu contexto, o contexto do leitor. (…) Portanto, sou favorável a que se exija seriedade intelectual para conhecer o texto e o contexto. Mas, para mim, o que é importante, o que indispensável, é ser crítico. A crítica cria a disciplina intelectual necessária fazendo perguntas ao que se lê, ao que está escrito, ao livro, ao texto. Não devemos nos submeter ao texto, ser submissos diante do texto. A questão é brigar com o texto, apesar de amá-lo, não é? Entrar em conflito com o texto. Em última análise, é uma operação que exige muito. Assim, a questão não é só impor aos alunos numerosos capítulos de livros, mas exigir que os alunos enfrentem o texto seriamente.” (FREIRE, SHOR. 1986: 22.)
Imagem daqui.
A morte voltou para a cama, abraçou-se ao homem e, sem compreender o que lhe estava a suceder, ela que nunca dormia, sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras. No dia seguinte ninguém morreu.
José Saramago, As Intermitências da Morte
2 - Canção
3 - Canção Infantil
5 - Vêm da infância
7 - Frutos
Apresento-vos, a propósito de bons exemplos de práticas, o Blog Pequenos Patifes, da Educadora Cristina Lares.
Vejam lá este trabalho... e digam se não é fantástico.
Deixo-vos hoje uma entrevista ao Mestre Agostinho da Silva.
“Hoje, a maior parte dos desgraçados dos alunos têm de aguentar professores a quem não pediram coisa nenhuma.”
"Vivemos numa guerra constante de competição e aos alunos ensinam coisas desnecessárias. O futuro é promissor na justa medida em que as máquinas vão substituir o trabalho manual, havendo assim tempo para o ócio e o lazer. Toda a gente nasce poeta e uma das formas de criação e poesia é a vadiagem. Temos assim uma cultura de criação de arte, poetas à solta no seu lazer. Mas é preciso saber ser vadio. Arte, Criação, porque o homem não nasceu para trabalhar, mas para criar. É o tal poeta à solta. Temos que enfrentar esta guerra com a política dos três SSS. A saber: Sustento, Saber e Saúde"
Fica em duas partes e, lamentavelmente, não consegui encontrá-la com melhor qualidade (há desfasamento entre a imagem e o som).
Mas vale a pena. É a primeira da série "Conversas Vadias". Conduz a entrevista Maria Elisa.
Vamos lá ver se consigo dar aqui um salto hoje à noite.
Promete ser um momento rico de partilha e prazer.
A Biblioteca da E.B. 1 Viseu nº 1 - Ribeira tem procurado desenvolver um conjunto de actividades que estimulam o gosto pela leitura e as literacias, no sentido de formar futuros cidadãos críticos, em colaboração com o trabalho desenvolvido pelos docentes.
Nesta sequência, o Projecto «Biblioteca fora d’Horas» terá lugar na sexta-feira, dia 11 de Junho, pelas 20:30, no espaço exterior da Escola e vem coroar os esforços desenvolvidos ao longo do ano, porque nasce de vivências multifacetadas de leitura, que se oferecem à Comunidade Educativa, com especial atenção dispensada aos encarregados de educação, que poderão desfrutar de uma vintena de espectáculos encenados pelos alunos, em torno de experiências diversas de leitura. Enquanto isto, o espaço central do palco será rodeado de um número considerável de outras actividades, de acordo com a oferta de cada stand, num total de sete eventos, a saber, a feira do livro usado, os jogos educativos manipuláveis, a banca dos jornais, a confecção de marcadores de leituras, a oficina de pintura, o roteiro turístico e finalmente, no sétimo stand, a zona multimédia.
Outro centro de atracção deste serão de leitura tão singular será desenvolvido dentro de uma tenda medieval, na qual se pode tomar um chá enquanto se degusta um conto narrado por personagens que desejam transportar a audiência para tempos remotos de outrora e trazê-la de regresso aos contos da actualidade, enquanto o ambiente se deixa embalar por melodias propícias a cada atmosfera. Recuando ainda mais no tempo, os visitantes poderão apreciar dois dinossauros de grande porte que estarão expostos no recinto, sendo dado algum esclarecimento por uma arqueóloga convidada para o efeito.
Esta actividade conta com o apoio da Câmara Municipal de Viseu, a Expovis, o Diário Regional de Viseu, o Jornal do Centro, a Região de Turismo do Centro de Portugal, a Naturtejo, Continente de Viseu e o Olho Turista, Lda.
Ver aqui.
Artigo interessante, no Público, e que começa a levantar as questões certas.
Continuo sem saber se na reformulação do parque escolar do 1.ºCEB, muito mais profunda, se têm em conta estas questões...
Continuar a ler aqui.
Já que alguém se deu o trabalho de criar informação tão relevante como esta, sobre os aspectos técnicos a considerar na construção destas escolas novas, será que não podemos discutir outros aspectos?
imagem daqui